Ao longo dos últimos quinze meses vimos diversos relatos de empresas que, forçadas a adotar o modelo de teletrabalho, tentaram e ainda tentam implementar ferramentas para emular o ambiente físico do ponto de vista da possibilidade de controle das atividades, o microgerenciamento.
Empresas que exigiram de funcionários que se mantivessem durante todo o expediente dentro de uma sala de videoconferência com câmera ligada, entre outras mecânicas buscando uma espécie de vigilância dos funcionários, não entenderam que parte da mudança de comportamento fundamental para atuação no mundo digital é exatamente a autonomia.
Desenvolver autonomia sempre foi uma competência chave para liderar e passa a ser competência chave para qualquer pessoa e função que precise cumprir com suas atividades de maneira remota com base digital.
Dessa maneira, a missão das lideranças vai além da própria autonomia e inclui ajudar cada uma das pessoas ao seu redor a alcançarem maior autonomia nas suas funções, seja através de facilitação de processos e fluxos de trabalho automatizados e inteligentes ou seja trabalhando essa mudança de comportamento individualmente.
Tanto do ponto de vista de carreira quanto de desenvolvimento, o líder que desenvolve autonomia na sua equipe terá mais sucesso no longo prazo.
As pessoas quando estimuladas com autonomia experimentam mais e portanto aprendem mais, enquanto as que não tem autonomia não experimentam tanto e assim aprendem menos no cargo.
As lideranças que entregam resultados e que tem equipes muito dependentes da sua própria atuação acabam virando reféns do cargo. As lideranças que entregam resultados e que tem equipes autônomas e não dependentes da sua própria atuação são percebidos como mais prontos para os próximos desafios.
Tão importante quanto trabalhar essa competência é trabalhar nos meios para que a autonomia não acabe levando a uma desorganização completa. Isso passa basicamente por três fatores:
1) processos claros e bem definidos: isso dá clareza para as funções desempenhadas e viabiliza o accountability do negócio;
2) ambiente de trabalho digital: qualquer pessoa pode trabalhar de qualquer lugar em qualquer horário;
3) lideranças que desenvolvem equipes autônomas: constrói cultura através do exemplo e conta com processos como onboarding, 1o1 e programa de desenvolvimento para ter equipes que vão seguir aprendendo e evoluindo.
Se você também acredita na autonomia, dá uma olhada em como a Netflix enxerga esse negócio.
Abraços!
Fula - Co-fundador da Akasha
Parabéns Fula! Muito boa reflexão!